Ao cair em mim
já não era mais eu,
já não vivia mais...
era um ser jogado na eternidade,
pleiteando um encontro com Deus ou com o Diabo,
embora ambos parecessem ocupados demais
para mais uma alma que esperava descobrir
o sentido da morte.
Nada mais o que fazer, ou o que pensar,
resolvi Caronte encarar:
"Ó porteiro destes infernos,
atendei este errante
que veio - para variar - errar em vossos umbrais,
mas desde já vou avisando:
meu coração perdido não pertence a este lugar!"
...
"Ora, se não é o náufrago errante neste limbo!
que queres tu alma errante,
vieste conhecer teu destino e enfim padecer em teu inferno?"
"Ó condutor das almas, leva-me a meu destino,
pois que o pós morte já me deprime."
"Sobe pois na barcaça dos destinos
pois que em teu distinto destino ela te conduzirá..."
Subindo a barcaça das almas,
deparei-me com os diversos infernos...
o de Dante estava um tanto caído
e tinha um enorme banner onde estava escrito:
"Dante's inferno is coming - more information http://dantesinferno.hot"
(Imaginei que a crise de credibilidade que abala o mundo pode ser maior do que diziam...)
Espantei-me ao perceber que a barca tomava uma direção oposta à dos condenados, parando em um tosco prédio acizentado. Uma placa decadente, porém respeitável diziam "Inferno - 666ª Sucursal". Nesse instante acabou o momento poético.
Ao entrar na recepção estva um verdadeiro pandemônio: Uns berrando no guichê que o castigo que estavam recebendo era pouco e não fazia juz à sua reputação em vida, algumas mulheres reclamavam o fato de uma companheira de barraco não estar lá, o que era uma "injustiça sem tamanho", vi até um certo político tentando advogar que tinha imunidade parlamentar, por isso sua condenação era injusta.
O fato é que depois de muito esperar, O sr. Desmundo, que parecia ser meio que o chefe daquela balbúrdia me disse que era completamente impossível alocar um maldito ateu no inferno, eu é que fosse procurar o céu pra ver no que dava... eu fiquei triste quando o Caronte me mostrou a escada...