terça-feira, 10 de abril de 2012

Coisas que eu gostaria de ter escrito


Repasso a quem interessar possa:

DESABAFO DE UMA PARAENSE
por Alvarez Marcelina

Minha terra tem mangueiras,
Onde a sombra vou buscar;
os frutos que delas brotam,
São mais doces que os de cá.
Minha terra tem um povo,
alegre , puro e hospitaleiro,
que emprega o português correto
Em seu falar mais corriqueiro.

Tu vistes, tu fostes, tu queres,
Não é difícil pra nós;
Difícil é falar para aqueles ,
que não ouvem nossa voz.
Minha terra tem primores,
Tem belezas sem igual,
o que mais posso dizer da
minha bela Belém capital.

Falar o Égua como espanto,
ou como forma de encanto;
Torna-se algo grosseiro
Nas bocas dos forasteiros.

Como ousam pronunciar assim,
minha marca de nascença,
Sem o menor cuidado tomar,
achando que isso lhes dará audiência.

Então agora peço licença,
Para um conselho lhes dar
Pois que empreguem os verbos certos
Em suas conversas de boteco
E depois venham pra cá,

Minha cidade é no norte,
meu sotaque não é forte,
minha praia é de rio
Tô meio longe do mar,
Me refresco é na chuva, depois do tacacá.

Vocês não podem imaginar
Nem a GLOBO contará,
Isso tudo só verá

quem um dia for ao Pará,

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que encontre as raízes
Que deixei ao vir pra cá.

A puta que os Pariu Rede Globo,
se quer fazer, que faça direito.
Que isto lhe sirva de lembrete:
"Amor Eterno Amor" é o cacete.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Vou embora

Cada vez que vou até a varanda desta que até então foi minha casa, mais taxativa grita uma sentença em minha mente: "vou embora..." 
Nada mudou. Nada melhorou ou piorou, mas a iminência de uma grande mudança muda o sabor da vida. Será melhor? Será pior? Será outro dia. Cada vez que tenho de ir embora, mais constante ficam os versos de Nina Persson: 
I can't get close enough 
I never get close 
I can't get close enough 
(a quem interessar possa: http://www.youtube.com/watch?v=R7wZR2ojnIk
Cada vez que vou embora me sinto como essa pessoa que não pode se aproximar demais, pelo menos, não tanto como gostaria.  Mas, a única coisa que realmente importa é que não saio de mãos vazias: saio com um caminhão de boas lembranças, a alegria de boas amizades, e deixo algo de mim. (Pois do contrário de que me valeria lamentar a partida?)


quarta-feira, 14 de março de 2012

Estática pessoal.

São tantas coisas jogadas na mesa:
chaves, para portas que não serão mais abertas,
pedaços de pão que não serão comidos,
papeis, documentos de coisas que não existem mais.
baboseiras que alguém escreveu pra ninguém mais ler...
entre elas, cartas que recebi, que já me fizeram chorar,
mas que hoje eu desprezo descuidadamente,
como coisa que jamais me interessou.

Olho para os livros que devia ter lido,
pesa sobre mim a culpa de negligenciá-los
das coisas que deixei de saber.

O mundo parou sobre esta mesa.
A vida permaneceu impassível.