quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ode à Fermina Daza

Ó Fermina minha, perdoa, mas sou fraco... devia ter lutado contra o mundo de dificuldades que entre nós se erguia.... mas eu me dobrei às tribulações. E agora que te vejo partir, ó Fermina minha, eu morro por dentro, por que não posso te culpar por agires com bom senso... Eu que te amo ó Fermina, não consigo enxergar em ti defeito enquanto caminhas sobre meu sofrido coração. Apesar de ser homem pra chorar tua partida, não sou capaz de ter por errada por ires de mim, não sou homem pra te pedir pra voltar. Teu sorriso radiante me diz que estás feliz. Arde em meu peito a dor de não ser o autor de teu sorriso... ah, Fermina, que pobre diabo sou, que não sou capaz de dizer que sou melhor para ti, pois talvez nem o seja. Eu me afogo em álcool e lágrimas, como inútil que sou. Enquanto partes radiante, eu fico desolado. Enquanto te vais, eu penso em me destruir, penso nos beijos que jamais serão dados, na vida que jamais será vivida. Eu quero a morte, mas ela me ignora... a vida que me interessa é a teu lado, mas estás a partir, e minha vida vai junto. Ele nem te merece, Fermina. É apenas um homem na hora certa e no lugar certo. Apenas um cara, que não daria por ti a metade do que estou disposto a oferecer... Eu falhei, Fermina, e agora te deixo partir, mas correria meio mundo se soubesse que precisavas de mim, mas sei que jamais me deixarás saber... Eu continuarei aqui Fermina, e não medirei esforços por ti, meu amor, minha vida e meu único bem.


(Eu que nunca fui dado a romances na vida, vi-me arrebatado por Amor nos Tempos do Cólera de Gabriel Garcia Marquez. Foi o primeiro romance que li em angústia e certo frenesi, sentindo-me como um velho conhecido de seus personagens, sofrendo a cada reviravolta, alegrando-me com cada pequeno triunfo. Escrevi esta carta pensando em todas as palavras que Florentino queria ter dito e não conseguiu...)

domingo, 9 de novembro de 2008

Por que não agora?

Por que não agora?
por que depois?
por que a\diar o beijo,
se amanhã nem sei se te vejo?
Não sei o que será de nós.

Por que não dá agora,
se depois, talvez não haja
hora oportuna para nós?

Por que negar a hora
se não sabemos o que virá depois?

Por favor não vá embora,
não agora, fica,
desfruta comigo este momento,
pois amanhã é outro dia
e eu não sei o que há de vir...

Não sei se vai chover,
se o planeta vai explodir,
não sei se a água vai acabar,
ou o dólar vai subir (né que subiu?)
não sei o que esperar do amanhã
sei lá se estarei vivo.

Eu estudo para amanhã
trabalho para amanhã
planejo o que é possível,
e tudo em função do amanhã
que eu apenas desconheço.

Por isso não é demais
pedir pelo agora,
que é tudo que tenho
eu tenho você agora
e amanhã?
independente de poder ou não,
eu te quero, hoje, que tudo posso,
embora, nem tudo que posso
me interesse tanto assim
Amanhã pode ser que não tenhamos tempo
sequer pra pensar na chance que nos escapou

e mesmo assim queres partir...

deixa pelo menos um último beijo...

não de adeus...

mas, de "nos vemos depois"...

domingo, 12 de outubro de 2008

Marcha Derradeira




Eu chorei
por muito tempo.
Ninguém chora tanto.
Chorei a ponto
de perder a autoestima.
Chorei de desespero,
desgosto.
Os que me viram, disseram:
- Covarde!
Preferi chorar de ódio
para não matá-los.
Tantas lágrimas que me têm esvaído.

Quanto mais o tempo passa
eu que já havia desistido
inflamo cada vez mais em desejo de lutar.

Que venham os algozes.
Me encontrarão pronto pra luta.
Que usem suas metralhadoras.
Provarão o gosto da lança de Ubirajara.
Lancem suas granadas,
minhas catapultas destruirão o seu exército.
E, se usarem mísseis,
minha palavra os fulminará.

A Montanha


Dura jornada
longa subida
rolam as pedras
nenhuma ainda sobre mim.
Felizmente.
Dos que empreenderam esta jornada
poucos sobraram.
Destes, muitos desistiram.
E, o que era pra ser competição,
tornou-se estupidez.
Findou-se em teimosia.
A teimosia de alguns poucos.
Dos poucos que não foram esmagados
quando as pedras rolaram.
Naquele dia a mistura
de sangue suor e catarro
quase nos fez parar...
Corpos incrustados nas pedras,
ou abaixo delas soterrados.
Não havia mais como voltar:
nossas cordas quebraram.
Subir já não é mais uma opção.
No começo era a única saída.
Agora nem importa mais.
Não é mais pela coragem.
Não é mais pelo orgulho.
Não é por absolutamente nada.

(Minha versão para A Montanha de Roberto Carlos)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Cara

Ninguém o conhecia. Ele estava em todas, mesmo sabendo disso a multidão, quase que de propósito, o ignorava. Talvez por isso ele fosse conhecido simplesmente por "Cara". Ninguém nunca se preocupou em saber seu nome, gostos, medos ou anseios. Isso o deixava um tanto frustrado. Ele não era um ser individualizado. Era parte da massa.
Como a vida não é estanque, com o passar do tempo, a vida começava a provar sua sabedoria: "De onde menos se espera, é que vem a solução"... Não vinha. Mas aparecia o Cara, fazia uma gambiarra e tudo funcionava no final; "Quem espera sempre alcança"... ledo engano, mas o Cara tava lá pra dar uma mão; "Melhor um amigo na praça que dinheiro no bolso"... papo furado, quase sempre no final se o Cara estivesse passando por perto, ele emprestava o do lanche... e nunca era pago depois.
O Cara começou a cansar daquela sacanagem e resolveu passar uns dias em casa lendo revistas e assistindo tv. Não adiantava esperar: o problema ia continuar sem solução pois o Cara não tinha passado por lá; Saltar, usar vara? inútil... a mãozinha que o Cara dava era a coisa certa nas horas incertas; O dinheirinho do lanche que tava faltando converteu-se em pratos a lavar e barrigas a roncar porque o Cara parou de passear.
Em meio a esse pequeno microcaos o Cara tornou-se uma lenda: era o superamigo, o resolvedor de problemas, o caixa forte da galera. Ele mal tomara conhecimento disso. Quando saiu de seu "auto-exílio" foi vítima súbita de um estrelato às avessas. O Cara tinha virado até uma entrada no Dicionário Popular. Todos queria ser o Cara. Mulheres queria que seus homens fossem o Cara. Se alguém conseguia escrever uma linha no próprio blog sem erros de português ou ortografia, sentia-se o Cara. Uma pena que ninguém continuava interessado em saber quem o Cara era...
Até que um dia um Fulano qualquer movido pela inveja decidiu que o reinado do Cara, mesmo que o próprio nem tivesse a noção de que tinha um reinado, teria que terminar, por isso armou uma cilada pro Cara cair.
Certa vez o Cara, passando aqui pelo Norte foi parar numa cidadezinha do interior do Pará. Lá chegando, resolveu encher a cara pois estava de saco cheio dessa história de Cara. Sentou-se no balcão da espelunca e tomou uma cachaças baratas (afinal, chegar de seja onde você esteja pensando que o Cara é até o interior do Pará, consome sobretudo, além dos pulmões devido a irritante fumaça das queimadas, grana). Ao seu lado sentou-um SF*, chamado João Ninguém. Ambos beberam até o coma alcoólico (coisa de fracassado, nessas hopras me pergunto como o Cara podia ser o Cara).
Tão semelhantes que eram, tá ok... inexpressivos, quando o fulano chegou, tirou no u-ni-du-ni-tê, e acabou levando o Ninguém pra um celeiroe forjou umas fotos que lembravam aquele filme B, deixa ver ser me lembro... A Fazenda Anal, Meu Cavalo Minha Tara, O Burrinho Safadinho ou coisa assim...
Resultado disso? As fotos vazaram internet afora, chagaram nas principais listas de e-mail, apareceu até no fórum da Galera do Fundão (ui!). O Último Segundo mostrou as fotos mais brandas sob o título: "A verdadeira cara do Cara".
De um instante para o outro no norte, onde o cara era amplamente adorado como modelo, criou-se uma ogeriza ao nome termo "Cara". Três dias depois, ao acordar, jogado ainda na mesma posição e no mesmo bar o Cara acorda em meio ao furdunço da "caça ao Cara". Sem entender muita coisa sobre o que o povo tava falando, e com uma imensa vontade de vomitar, é interpelado por um moleque: "Tu que é o Cara?". Puto da vida com tudo aquilo, e segurando pra não soltar um jorro de vômito na cara do inconveniente, ele respondeu: "Meu, sou só um mané de ressaca (blurp!), o Cara só pode ser tu!" o moleque horrorizado responde: "Deus que me livre!!!"
Assim o Cara deixou de vez de ser o Cara, João Ninguém gravou mais alguns filmes e fez fortuna no pornô bizarro, e finalmente as pessoas criaram verganha na cara e passaram a cuidar da própria vida.

Moral: Nunca diga a um nortista que le é o "Cara". Você vai estar sendo profundamente indelicado.

*SF: Sem Futuro

domingo, 4 de maio de 2008

Hoje e amanhã

Hoje é uma pessoa confusa. Horas otimista, horas duvidoso. Hoje comemora o resultado favorável da agricultura, mas amarga a impunidade do país. Hoje sabe o que tem nas mãos, seu amigo, Amanhã, não. Amanhã não sabe o que virá, apesar de ser um esperançoso convicto, passa por uma profunda crise de confiança. Amanhã duvida das crenças de Hoje, acha que se nada acontecer o que vai sobrar para ele será apenas o refugo de Hoje...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Patinho e Feio

Nascido em uma família humilde entre os diversos estigmas que carregava estava o de ser um tremendo pato, nascido entre outros tão patos quanto ele, filho de um legítimo e juramentado pato e de uma tremenda pata choca. Daí ele percebeu que o resto da vida não seria nada fácil e que tudo estava apenas começando...
Quando tem muito pato junto sempre tem um que acha que pode cantar de galo. O problema é quando parece que o mundo inteiro canta de galo e você começa a pensar que talvez o único pato da história seja você mesmo.
Nosso protagonista percebeu isso desde cedo dentro de sua própria casa. Seus irmãos começaram a ficar distantes sem cerimônias. Sua mãe, seguiu o mesmo rumo, como que para apoiar aqueles fascínoras, aquele pato do pai dele só Deus sabia onde andava, e ele foi ficando de patinho na história... Embora o motivo que a família desse por aí fosse o lance da aparência, rolava no ar o boato de que ele seria um estranho naquele ninho, um filho da pata (de outra, no caso), e, daria pra abafar essa história, não fosse o fato de o resto da vizinhança tratá-lo tão mal quanto os de sua casa.
Um dia ele cansou de tudo. Jogou umas duas mudas de roupa na mochila, abriu a porta e saiu andando... essa a primeira atitude corajosa de sua vida. Não havia porque olhar pra trás.
A sensação de liberdade aumentava à medida que ele conseguia caminhar. Mas isso não ia passar despercebido por ela, a mãe de todos os perdidos, a Dona Rua.
Ela viu aquele garoto andando sem rumo e decidiu que deveria mostrar pra ele quão alto o sapo pula, e, que o gato, apesar de cair sempre em pé, se lasca do mesmo jeito que os outros bichos.
Nisso ela foi sua professora, amante e desertora teve o prazer de humilhá-lo e espezinhá-lo até não sobrar nada do que ele tinha sido.
Nessa onda foi que o moleque sacou uma paradas que estavam evidentes: se ele vivia no meio dos patos, sua vizinha da frente era uma galinha, seu vizinho do lado era um porco e todo mundo fazia de conta que quem comia merda era ele, tinha de ter alguma coisa muito errada nessa história. A grande atitude de pato que ele tinha tomado até então era a de continuar vivendo com aqueles patos. Com a Dona Rua o moleque percebeu que tinham aqueles que o achavam um burro, uma toupeira, uma anta talvez, mas também havia os que o considerassem um cordeiro de tão puro.
Hoje ele ainda não sabe que bicho ele é.
E daí?


Romanus, órum
P.S.: Não, a Dona Rua não foi legal com ele. Nem o é com ninguém. De verdade.

domingo, 20 de abril de 2008

A História de Absalom

Certa vez eu e o Grande Gilbert conversávamos no trabalho, até que surgiu um comentário sobre o filme Fuga de Absolom (bom filme, por sinal), e desde esse dia fiquei matutando sobre a utilíssima questão sobre o que a história de Absalom teria a ver com a prisão de Absolom. Nada, pelo menos a meu ver. Vou contar a minha versão da história do cara.

Absalão detestava o próprio nome, possivelmente pelas brincadeiras infames que tinha que escutar nos tempos de criança. Coisas do tipo: "Vamos abrir o salão...". No lugar dele eu também ficaria puto, até hoje tenho que encarar gracejos acerca de minha procedência, mas nada assim tão explícito. Sendo assim, ele decidiu que queria ser chamado de Absalom, pra dar força e personalidade, sabe como é (uma frescura, mas o cara quis assim).
Voltando ao Absalom: as minas da época diziam que ele era o cara mais bonito daquelas bandas (e quiçá do mundo, segundo elas), um verdadeiro mauricinho. Os pais eram os manda-chuvas do pedaço, granados, e ele mesmo, além de filho único, era um tremendo bon vivant (escrevi certo?). A mãe era uma senhora recatada, dona Maacá (o nome é estranho, eu sei, mas ela era filha de um dos chefões da região, logo, não convém questionar os gostos do pai da mulher), que, diziam as más línguas, era um mulherão nos seus dias. Já o pai, gabava-se de ter pra lá de 100 mulheres transitando simultaneamente por sua vida... num ambiente desses dá pra imaginar o que passava pela cabeça do 'Salão'.
Como todo boyzinho, o Abi tinha uns amigos que não eram boa bisca, e acabou entrando na deles (sem trocadilhos, por favor).
Na hora de escolher quem ia ser o chefe da gangue eles pensaram em mil possibilidades: podiam ver quem cuspia mais longe, quem era o mais bem dotado, quem pegava mais mulher. No final, como todo filhinho de papai, acabaram apelando pra quem tinha o maior pistolão na familia. Efraim Filho era filho de governador, a galera ficou ligada. Acãzinho era filho de Juiz, mas vivia queimado na fita, por isso nem deram bola. Foi aí que o Absalom mostrou os documentos (não, não rolou nenhum atentado ao pudor), o pai dele era ninguém menos que o rei do pedaço. Dito isso, ninguém questionou a maioralidade do cara.
Com pouco tempo a gangue decidiu que o motivo de a vida deles ser um tédio eram os pais deles e tiveram a brilhante idéia de se revoltar contra os caras.
Daí começou a merda toda...
Começaram a sacanear a bagaça dos velhos, mas os velhos ficavam cabreiros por causa do pai do Abi (mijasse fora do caco com o velho, era uma passagem pra eternidade).
Mas isso só até o dia em que o Abi decidiu cagar na cabeça dele... primeiro ele começou a organizar badernas nos pontos do velho. "Isso é só sacanagem de moleque" ele dizia pros amigos "passa já, já...". Foi assim até que um dia o Abi virou Cavalo-do-cão e mandou buscar todas as brejeiras que andavam com o pai dele até a praça bem no meio da cidade pra fazer a maior suruba. A galera olhou e percebeu que isso era pegar pesado demais com o maioral e decidiram deixar o cara se fuder (literalmente) sozinho.
Não demorou pra darem a letra pro maioral, que ficou (finalmente) fulo da vida. Resultado disso foi que o velho mandou quebrar a crista de todo mundo que tava envolvido na história, principalmente do filho dele.
Pra encurtar, essa história resultou numa troca de tiros infernal e um mar de gente morta. Entre tantas, fecharam também o paletó (e, por que não dizer, o 'salão') do Abi.
Aí chegou o velho dele todo choroso dizendo que a culpa era da galera com que ele andava, que o filho dele era estudante e assim por diante...

Moral da história: essa porra lá tem alguma? Embora o teu filho seja um santo na tua frente, isso não garantia que ele não possa te passar a perna na próxima esquina. Presta atenção nos teus moleques hoje, pra não ter o que lamentar amanhã. Pronto, falei.

Agora, fuga de Absolom? era o povo fugindo quando o Absalom tocava o terror, ou o Absalom fugindo da mordição do próprio pai?
Essas questões me torturam a alma.


Romanus, órum

Meus 'porquês'

Não espere um diário digital, fotinhos ou coisas parecidas. Minha intenção nesse blog é recontar algumas histórias com as quais tive contato no decorrer da vida, sejam de cunho pessoal, religioso ou de trabalho.
Não fique preocupado. Não fique obsssessivo por se reconhecer nas minhas histórias. Elas não serão sobre você. Mesmo que você mereça.
Todas as histórias (a não ser quando especificado) serão de cunho ficcional, não raro toscas e mal escritas. Não sou escritor, sem falsa modéstia, escrevo mal pacas, mas diziam no meu tempo que a pessoa deveria plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro (ou coisa assim, não sei).
Já plantei algumas árvores (sem brincadeiras, nenhuma delas vingou...)
Filhos... hã, podemos falar disso em outro momento, né?
Escrevi um livro que não pretendo publicar (você já consultou quanto sai uma tiragem de 1.000 exemplares?)
Por esses e outros motivos vou publicar minhas insanidades aqui mesmo.
Se você se der o trabalho de ler essa introdução aproveite e deixe um post (fale bem, fale mal, discorde de mim, manifeste-se).
Pretendo deixar uma coisa diferente a cada semana, talvez menos.

No mais, nos vemos por aqui.


Romanus, órum.