quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dá-me tudo e terás tudo

(Autoria: Bela do Clube Dominna)

Serei carrasco de seu ser...
Deixar-lhe-ei tão atordoada em vossos próprios pensamentos,
que o que lhe restará será apenas minha doce e cruel imagem.
Alimentarei seus sonhos com as minhas sobras,
fazendo com que vejas este alimento como um banquete.
Esmagarei seus sentimentos, transformando-os para mim,
ferindo-os, aniquilando-os.
Farei de sua vida um inferno, quente, sombrio e tão repugnante
que quando entrares em meu mundo,
perceberás que entrastes num paraíso sem fim.
Conhecerei seus pensamentos e suas vontades...
apenas para contrariar seus desejos e conhecer sua ira.
Provocarei seu ódio, seu rancor e suas mágoas,
para que assim eu conheça teu avesso, suas entranhas mais obscuras.
Suas lágrimas verterão sangue,
já que a dor que as provocarão virão de teu fraco coração
que baterá no compasso de minhas maldades.
Tentarás, contudo, livrar-se de minha rede que cerca-lhe o corpo.
Sim, tentes, e verás que a cada movimento seu mais eu me enfronho em teu mundo,
antes teu, agora meu.
Ficarás disforme, não em tua aparência,
mas como massa que se molda com o desenho desejado.
Brincarei com você e serei vosso Deus.
Rogarás inicialmente pela liberdade...
mas estarás a caminho de uma prisão consensual e absolutamente segura.
Serei tua cruz, teu confessionário, teu catecismo e teu pão.
Jorrarás teu vinho por mim e pecarás por nós.
Desejarei fazer-te muitas para mim, aquela que me ama, a que me odeia,
a que me acompanha, a que se esconde, a que se humilha, a que me maltrata,
mas todas absolutamente minhas.
Completar-me-ás e nos acrescentaremos.
Somaremos e eu te subtrairei para multiplicarmos.
Dividiremos anseios, ansiedades e saciaremo-nos.
Dei-me tudo e terás tudo.
Ofereça-se á mim, entregue-se, permita-se,
e assim conhecerás a ti mesmo olhando em vosso espelho e enxergando a mim:
Criador teu.
Dificultar-lhe-ei os passos...
Prenderei vossos movimentos...
Quando presa sentir-se-a livre como pássaro e voarás alto.
Ao soltar-te serás frágil, engaiolada sem jaulas, encarcerada sem ferros,
aguardando o momento supremo,
onde eu pouso minhas mãos sobre meu colo,
chamando-te, ordenando-te,
e esperando que chegues, que se aninhe,
neste colo que é teu purgatório e paraíso.
Sou Dono de teu ser. Não sabes?
Permitirei que vivas, apenas para que morras de amor por mim.

Esse merece um adendo: copiei este poema de um site chamado "Convento das Safadas" (sei o que vc está pensando... e vc está certo... era um site adulto). Neste lugar encontrei algumas pérolas semelhante à que vos apresento, um poema que eu adoraria ter escrito, mas, devo admitir, que não estou à altura de escrever. Meus parabéns à autora, Bela, pelo ótimo trabalho. A página do Convento foi remodelada, tendo sido infelizmente retirada a seção de poesias.

Dejavu

Não há muita diferença entre o dia e a noite
é apenas mais tempo que passa.
Ao ver as pessoas em direção oposta enquanto caminho,
pergunto-me se estou avançando ou voltando atrás...
É dificil manter a clareza quando seu próprio mundo se desfaz.
Só fica fumaça, poeira entrando nos olhos
nos forçando a chorar.
Não que estejamos tristes,
Não que estejamos melancólicos,
apenas nossos olhos lacrimejam.
Pelo menos os meus... os seus não sei.
Nem me atrevo a perguntar.
Nem sei porque lembrei de vc.
Faz muito tempo que vc partiu,
tempo suficiente pra eu chorar,
tentar suicídio, virar alcoólatra,
virar monge, depois jogar tudo fora.
Deve ser algum dejavu.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

À sua porta

(*knok knok*)
-Sou eu.
-Eu quem? como vou saber?
- Sou aquele que se realça cada vez que chega perto de você.
- Bobagem, você diria qualquer coisa pra poder entrar...
- De fato. Diria qualquer coisa. Mas nada mais que aquilo que sinto, mesmo porque, você saberia se eu estivesse mentindo.
- Conveça-me então.
- Eu ainda me perco, e me encontro nesse seu olhar, a memória de teu toque ainda me persegue como um sonho bom, me sinto adolescente de novo cada vez que te faço corar.
- Mesmo depois de tanto tempo?...
- Tempo... nosso algoz e redentor... quando estou solitário e desistente, o vento me sopra tua imagem à lembrança, causando-me sensações que eu há muito havia esquecido, a boca seca, o frio na barriga, e todas essas coisas que a gente não sabe nomear... coisas que há anos eu não sentia, mas que estão me consumindo aqui deste lado da porta. Não sei o que o tempo fez de nós, penso apenas no que podemos fazer de nosso tempo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Branco Criativo

Eu tinha preparado em minha mente pelo menos três novos poemas, mas a correria do dia-a-dia fez com que eu não tivesse tempo de escrevê-los, então, infelizmente eles foram passear pelo limbo de minha mente - entediados de tanto esperar, acredito - por isso não tenho tanto a dizer neste exato momento.
Para satisfazer vossa curiosidade, crio minhas humildes composições no momento da postagem, raramente consigo escrever alguma coisa previamente. Tenho algumas razões para isso:
  • Este é um blog intimista - tudo que aqui escrevo baseia-se em anseios e experiências pessoais, não consigo escrever de outra forma, na verdade, até consigo, mas faço isso profissionalmente, ao escrever artigos ou projetos... não acredito, e pessoalmente não viajo em nenhum escrito, cantado ou lido que não possua forte carga pessoal, ou que, pelo menos não cause este efeito. Um dos efeitos mágicos da arte em geral é significar algo diferente para cada apreciador.
  • Sou um amante do improviso, não que não seja calculista, na verdade sou um desastrado nato. Eu raramente consigo manter uma agenda seja lá do que for, me atraso em meus compromissos pessoais, tudo por ser obcecado por poder prever todas as possibilidades relativas a meus compromissos. Fico menos tenso se puder fazer o que faço sem ter necessariamente de fazer o que faço.
  • Escrevo para exorcitar dores anímicas (tb sei falar difícil, bem ;-). Se um dia eu encontrar a felicidade verdadeira e perene, você vai deixar de ler novos posts. Sou uma pessoa caótica, só funciono em momentos de crise, durante a calmaria, torno-me um humano normal: chato, sem graça e comum (devo ser todas essas coisas, mesmo escrevendo, mas ao escrever tenho a ilusão de que as coisas não são assim). Na verdade, acredito que somos quem precisamos ser em cada momento, mesmo errando na mão às vezes. Quando estou "bem", estou ocupado demais para escrever. Mas, quem sabe? Talvez isso um dia mude, daí eu passo a escrever com mais frequência.
Haverão novidades ainda este mês. Vocês não perderão por esperar.

kisses for all!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Do Amor e Outros Demônios


Dica rápida de livro imperdível: Do Amor e Outros Demônios, de Gabriel Garcia Marques. Deixe que seu coração ressecado pelas coisas da vida seja esmiuçado e transformado em pó para depois ser soprado pelo arrebatamento de um amor, senão impossível, inviável. Descubra um amor primal, acima da culpa e da vergonha, e deixe-se levar por cada letra.

(Aceitamos propostas para a promoção de seu produto. A promoção ao trabalho do sr. Gabriel Garcia Marques é feita por livre e espontânea vontade).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Non-sense Mind

Bem, de vez em quando chegamos ao ponto de pensar onde estamos e o que somos, não que percamos tempo de fato com isso. Sai mais fácil e mais barato ignorar a autocrítica. Se posso virar a cara para o miserável interior, posso ignorar para qualquer um. É mais fácil ficar chapado que perguntar a si próprio sobre o que estamos fazendo.


Marilyns que eu adoro, cadaqual por seu "cada qual"


Este fim de semna percebi algumas coisas estranhas em mim: Nunca me vi escutando tanto rock ultimamente, coisas tipo Marilyn Manson, Velvet Revolver, até Green Jellÿ. Mal sinal, sinto necessidade de agressividade. Felizmente a música tem sido um catalizador eficaz até aqui. Também tenho me dedicado a um cancioneiro menos nobre, tipo Falcão (e minha mente doentia ainda enxerga relações de alto nível nisso), outro mal sinal: devo estar extremamente entediado, beirando a depressão, ou isso, ou meus conceitos estão em autodestruição.
Outra coisa que percebi é que tenho torcido cada vez menos pelo mocinho nos enlatados nossos de cada dia. É inaceitável que seja ainda hoje veiculada uma imagem polarizada de heróis ou princípios infalíveis. Recentemente li a sequencia de histórias que formam a saga "Guerra Civil", da Marvel Comics, questionando justamente essa inquestionabilidade. O lado que contém as convicções que aprendemos a chamar de certas é o mesmo que contém as mazelas de afogam nossa iniciativa de reação e busca por transformação.


De que lado você está?

Este não é um post moralizante, longe de mim expô-los à minha moral. Mas, quando você pára e pensa onde está a essência das coisas que estão ao seu redor, você, caso possuidor de alguma consciência, fica estarrecido. Se buscar amparo na religião, há de perceber que um de nossos principais livros sagrados é a tradução de uma tradução de outra tradução que somos intimidados a questionar. Não me preocupo com o mundo inteiro, tenho certeza de que mais de 99% dele não liga a mínima para mim, mas penso nas pessoas que gravitam em meu universo, meus amores, filhos (que graças a Deus ainda não vieram), e demais parentes... Sr. Super-Homem, por favor me empreste a chave da Fortaleza da Solidão por que o negócio aqui está pegando...

sábado, 26 de setembro de 2009

Um Homem de Princípios

Contava-se a história de um homem que prezava seus princípios, e que esse mesmo homem teria caminhado entre nós. (Não, não estou me referindo a Jesus Cristo). Lembro-me ainda de uma de suas frases favoritas: "O princípio é o centro de tudo". Gostava de ouví-lo dizendo isso, na verdade, gostava mesmo da reações esboçadas quando as pessoas o ouviam dizendo isso. Era um misto de crédito e descrença, somado a uma vontade desmentí-lo, mas os ouvintes nunca haviam tomado a iniciativa de sequer questioná-lo quanto a isso.
Isso o incomodava. Ele queria a chance de ser posto à prova, ainda que pelo prazer de repentinamente perceber que poderia estar errado.
Ele era bombardeado diariamente pela máxima de que todos os homens eram mentirosos patéticos, pessoas sem escrúpulos, mas fato de ele não se reconhecer nesse discurso o incomodava fortemente. Não que tivesse vontade ser merecedor da sina prevista a todo homem, mas pelo fato de que esse discursoo colocava irremediavelmente na mesma condição que os demais.
ter princípios, de certa forma, o transformava numa aberração. Era inconcebível para os homens, que dirá para as mulheres, um homem cortês, que estivesse disposto a beijar o clitóris da parceira e não dormisse logo após o sexo, que quisesse assumir responsabilidades, ou mesmo ter uma vida conceitualmente normal.
Estudando este espécimen raro percebi que na verdade, a criatura era inápta à artes da canalhice, não dotado da síndrome da sacanagem adquirida (seria ele um mutante ou coisa assim?), e, por conta disso, não expelia os feromônios da cara de pau, o que o deixava em real desvantagem aos machos normais.
Em minhas entrevistas com o elemento percebi sua frustração interior. Patético. O homem de princípios só era daquele jeito porque não conseguia ser diferente...

Machismo? chauvinismo? Não importa. Essa é apenas a minha versão dos fatos.

Romanus.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Coisas para ignorar

Os protocolos de atendimento de empresas de celular (embora você saiba que cedo ou tarde pode precisar deles);
Pessoas ridículas (é sempre mais proveitoso ignorá-las que confrontá-las, mas use este conselho por conta e risco);
Situações ridículas (desde que o ridículo da situação não esteja centralizado em você mesmo, claro);
Problemas impossíveis de resolver (desde que sejam possíveis de ignorar);
Água de salsicha (desde que você não tenha o mal costume de bebê-la);
As músicas do Djavan (a não ser que você se ache capaz de compreendê-las)
Os conselhos de Caetano (eles quase sempre foram criados para esse fim)
As metáforas do Lula (dispensam ressalvas);
A ausência de dinheiro em sua carteira (afinal, essa é a condição normal da carteira em questão);
Os tapetes puxados no trabalho (sempre tem um fdp pra fazer isso por você);
Hakuna Matata

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Desgosto

Queria sentir mais.
Nada consigo.
não há emoção,
não há dor,
não há medo.
se pudesse choraria,
mas não vejo justiça em derramar lágrimas.

Cansei de paredes e relógios,
dessas máquinas inventadas pra não nos deixar ser felizes,
cansei de "meu" de "seu" de "dele" e "dela".
Não estou num dia bom para possessivos.
Sinto uma necessidade de indefinidos:
preciso de "algum" e "alguma", "que"
preciso de "alguem" ou de "algumas"...
algo para sair deste vicioso pleonasmo
a que me vejo reduzido e oclusivo,
cansado do tratamento ambigüo a que sou submetido.

quanto mais caminho atrás de meus objetivos,
mais eles parecem caminhar adiante.
sinto-me ultrajado,
como quem volta pra casa após ter feito um péssimo negócio.