quarta-feira, 10 de março de 2010

Delírios de um Náufrago - The party is over (before begin)

Ao cair em mim
já não era mais eu,
já não vivia mais...
era um ser jogado na eternidade,
pleiteando um encontro com Deus ou com o Diabo,
embora ambos parecessem ocupados demais
para mais uma alma que esperava descobrir
o sentido da morte.

Nada mais o que fazer, ou o que pensar,
resolvi Caronte encarar:
"Ó porteiro destes infernos,
atendei este errante
que veio - para variar - errar em vossos umbrais,
mas desde já vou avisando:
meu coração perdido não pertence a este lugar!"
...
"Ora, se não é o náufrago errante neste limbo!
que queres tu alma errante,
vieste conhecer teu destino e enfim padecer em teu inferno?"

"Ó condutor das almas, leva-me a meu destino,
pois que o pós morte já me deprime."

"Sobe pois na barcaça dos destinos
pois que em teu distinto destino ela te conduzirá..."

Subindo a barcaça das almas,
deparei-me com os diversos infernos...
o de Dante estava um tanto caído
e tinha um enorme banner onde estava escrito:
"Dante's inferno is coming - more information http://dantesinferno.hot"
(Imaginei que a crise de credibilidade que abala o mundo pode ser maior do que diziam...)

Espantei-me ao perceber que a barca tomava uma direção oposta à dos condenados, parando em um tosco prédio acizentado. Uma placa decadente, porém respeitável diziam "Inferno - 666ª Sucursal". Nesse instante acabou o momento poético.
Ao entrar na recepção estva um verdadeiro pandemônio: Uns berrando no guichê que o castigo que estavam recebendo era pouco e não fazia juz à sua reputação em vida, algumas mulheres reclamavam o fato de uma companheira de barraco não estar lá, o que era uma "injustiça sem tamanho", vi até um certo político tentando advogar que tinha imunidade parlamentar, por isso sua condenação era injusta.
O fato é que depois de muito esperar, O sr. Desmundo, que parecia ser meio que o chefe daquela balbúrdia me disse que era completamente impossível alocar um maldito ateu no inferno, eu é que fosse procurar o céu pra ver no que dava... eu fiquei triste quando o Caronte me mostrou a escada...