quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Delírios de um náufrago II

Sonhei que navegava num sem-fim de prazeres,

Um mar de lascívia, destes, imaginava eu, nunca dantes navegados

De águas entorpecentes, coberto de pererecas de todas cores, raças e sabores,

Onde nada mais se enxergava, senão o azul do céu, e as pererecas deste mar

Formando um contraste penetrante no horizonte.

Vi os peixes com seus formatos fálicos saltando uma altura inimaginável,

Para vigorosamente mergulhar.

Não bastasse a visão de tamanhas belezas,

Ouvi o canto de sereias sussurrando promessas de uma esbórnia sem igual.

“Lança-te neste mar regala-te em teus desejos,

Aqui não há lei, aqui não há limite,

Seremos tuas, vem nos possuir”

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Nessa hora o mar se agitou, de pequenas ondas formou enormes vagalhões de sensações

Calores que eu nunca havia sentido, seguidos de súbitos calafrios,

Me conduziram da vida para a morte, e depois de novo à vida

Para novamente voltar a morrer,

Queria fechar os olhos para me perder naquela atmosfera libertina,

Mas os queria ao mesmo tempo abertos para desfrutar da visão

De tantas delícias saradinhas em avidez sensual.

Naquela hora decidi não mais acordar,

Atirei-me no mar de pererecas, e , ali eu morri,

Em meio a prazeres nunca dantes desfrutados.

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Ao nascer o novo dia, jazia um corpo em uma praia esquecida,

Morto em prazeres.

Era tanto mar naquele dia, que aquela carcaça não suportou tamanha arrebentação

Das tais águas inebriantes, cobertas de pererecas de todas as cores, raças e sabores.

3 comentários:

disse...

Que imagens bonitas, mocinho. E há morte melhor do que essa? Mais poética e intensa impossível.

Romanus, órum disse...

O delírio pelo menos nesse caso, é bem melhor que a realidade, vá lendo a seqüência pra descobrir que nem tudo é tão poético na vida e no pós-vida deste homem.

TelMont. disse...

Permita-me dizer q prefiro o Náufrago + poético e delirante à prosa-realidade sem cerimônia.Talvez pelas imagens...